quarta-feira, 25 de julho de 2012

















ESCREVER...

Hoje é um dia especial...
Fica aqui minha homenagem...não resisti...rs

Sempre me ocorreu que escrever é um ato de urgência, uma latência constante que só encontra alento no encontro súbito da mão com o instrumento compassivo que se rende com absoluta precisão na curvatura das letras.
Não, minto. Escrever não é um alento, é antes desconcerto, o encontro com o imponderável, é desatar os nós que envolvem a inquietude em degredo, é imprevisível, é transe.
Escrever é pretensão absurda, síndrome aguda de onipotência, é querer encerrar em letras aquilo que é inominável, que só se chega através do tato, do sentir.
Comparo o ato da escrita ao de desvelar segredos, expor à nudez o incorpóreo.
Escrever é o duelo entre o profano e o sagrado, ambos saem rendidos, floresce o ser em seu estado límpido, verdadeiro. Aquilo que apenas é.
Escrever é como a dança mística, envolve, alucina, transcende a realidade. É o fogo ressuscitado de anseios incompreensíveis.
É o ato imperfeito, o jogo intrincado de palavras que nunca atendem ao que delas se espera, é a busca vã.
Escrever é como render-se ao beijo premeditado, é ser traído de bom grado. É sentir com os poros, romper comportas, é dar à luz ao que há cá dentro.
É um ato insano, outrora lúcido, é sublime, outrora vil, é apogeu, outrora decadência. É a conjunção das antíteses de todas as coisas vividas e não vividas.
Escrever é um ato visceral, é sobre-humano e absurdamente humano ao mesmo tempo, é elevar-se ao Olimpo em instantes e descer à terra em segundos na condição de reles mortal. É vida, é morte.
O ato de escrever é como o rio que corre em desabridas correntezas, onde as probabilidades de naufrágio e chegada segura são exatamente idênticas.






domingo, 15 de julho de 2012


TEMPO, TEMPUS


Tempo, Tempus

O que rege as manhãs

Esse gosto de anis

Que eterniza as paisagens e o pássaro que nunca esqueci

 
 
Tempo, tempus

Adversário cordato

Que navega a nosso malgrado

À deriva do coração





Tempo, tempus,

Que aprisiona meu pensamento [ onde já não mais posso estar]

Feito ardil bem tramado

De um sentimento descompassado





Tempo, tempus,

Que guarda os semblantes e fatos inacabados

O que outrora descumpriu o pacto

Revigorando lembranças adormecidas



Tempo, tempus

Ainda quando me submete ao crivo da razão

 Frente às memórias despertas

Não me deixa escolhas sensatas às mãos




Tempo, tempus

Se o pendor de tua atuação

É prender-me no labirinto de lembranças enternecidas

Posto-me rendida então


O pássaro errante voa livre e desperto

A loucura não foi em vão.