terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Quaestio







Não me interessa a paisagem presente
Antes busco o tempo desconexo, fragmentos de uma realidade sentida
Tão minha, tão singular

Busco antes a ti
No roçar dos ventos
No desalinho dos meus pensamentos
No outono chuvoso de um tempo perdido, porém tão onipresente

Desconcerto as horas, subverto a realidade exterior
Lanço mão de todos os dados
Não há nada que me seja inalcançável
Para trazer-te até a mim em doces e vivas lembranças

A que universo pertencemos,
Em que passado nos perdemos de forma tão irremediável?
Se na exasperação do amor tudo soçobra, por que restamos nós?
Se outrora tudo devesse permanecer esquecido, por que o sentimento se desnuda no enlevo de uma recordação?

A esta quaestio, porém repondo-te
Sem dar-te qualquer direito a tribuna e réplicas
Que bem gostas, eu sei
Se tortuosos foram os caminhos, não os trilhamos senão por expressa vontade
Nos meandros dos sentimentos não são revelados vencedores ou perdedores
Não há que se cogitar de veleidades
Aqui, portanto, digo-te de antemão:

Nada passou
Eu o sei
Tu o sabes
Esta é a grande quaestio da qual não conseguimos nos desvencilhar.