sábado, 1 de setembro de 2012

                                                      TALVEZ

  Talvez eu devesse ser menos intimista
  Viver menos à tangente
  Sorver a vida em brandos goles de concreto
  Dispersar minhas abstrações

  Dissecar as incertezas que me cercam
  Extrair com fino trato todas as minhas sutilezas
  Guardá-las como se guarda o segredo interpretado
  E nunca mais expôs-las à mesa

  Talvez eu devesse ser menos evidente
  Recolher as peças do tabuleiro
  Encarcerar a rainha, observar o movimento preciso da torre
  Render-me silente ao anunciado “xeque-mate”

  Quiçá um dia eu seja menos poética
  Veja menos estrela cadente
  E quem sabe assim, um dia,
  Meus versos possam ser mais convincentes...


                                                                             Adriana Bizzotto